TOME BOLSA E
HAJA SACO!
Nada tenho
contra os programas sociais do governo, pelo contrário, acho que todas as ações
desenvolvidas para amparar as camadas mais carentes da população são bem vindas,
mas tenho a completa compreensão que algumas delas são paliativas, pirulitos
com calmante que confortam temporariamente, mas não resolvem nada de fato.
Agir de forma conseqüente seria oferecer a
essa mesma população um sistema público de saúde ágil e eficiente. Chega ser
cruel e desumano o atendimento dispensado ao pobre que tem o azar de adoecer de
repente. Consultas só com hora marcada, muitas vezes com até mais de trinta
dias de antecipação, como se doença pudesse esperar. Em casos mais graves o que
se observa são pacientes colocados em macas improvisadas nos corredores dos
hospitais e pronto socorros, e a equipe de atendimento, médicos e enfermeiros,
forçados pelas circunstâncias a sortearem quem vive e quem morre devido a falta
de leitos disponíveis nas UTIs.
Investir uma
maior parcela do orçamento para melhorar a qualidade do ensino na escola
pública, seria uma forma coerente de aplicar os recursos públicos. É preciso
acabar com essa brincadeira em que o professor faz de conta que ensina e o aluno
faz de conta que aprende. Há que se acabar com a falta de respeito em sala de
aula assegurando aos mestres o direito de reprovar quem não tem competência
para passar de ano e punir os indisciplinados, sem receio de represálias.
O currículo
escolar do ensino médio e superior precisa conter matérias cujo conteúdo
relacione-se a opção profissional do aluno. Ao aluno que pretende seguir
engenharia o que interessa saber qual o maior osso do corpo humano? E ao que
vai fazer Direito, para que serve saber como localizar o Delta ou qual o valor do Pi? É preciso deletar do
currículo escolar todo entulho que não tem serventia na vida prática, só
contribuindo com a formação da chamada cultura inútil.
A propósito desse assunto, uma funcionária minha que está se preparando
para o curso de Direito, me perguntou se eu sabia onde ficava o tal do Delta e
qual o valor do Pi, pois o seu colégio havia
passado uma tarefa para casa e o
tema era esse. Ocorre que ela e sua equipe não haviam feito o trabalho por
falta de conhecimento do assunto. Achando o trabalho despropositado e como
também não sabia resolver o problema,
disse-lhe: Fala para o professor que o Delta não foi encontrado porque esta há
cinco dias desaparecido, provavelmente, perambulando pelos botequins da vida com
a cara enfiada na cachaça e o Pi esse é um sujeito debochado que não vale nada.
É um caloteiro safado; não
paga nem promessa a santo. Essas bobagens foram ditas com o propósito de
adocicar o amargor de parte dos sérios problemas aqui tratados, mas vamos ao
cerne da questão que quero abordar nesse modesto artigo. Refiro-me a
proliferação de bolsas, sacolas e outros instrumentos que o governo tem
utilizado com o discurso de que é para minorar o sofrimento dos mais carentes.
Tudo balela,
tudo engodo e em alguns casos até mesmo uma injustiça social. Como explicar a
existência da bolsa-reclusão em que o detento recebe mais
de setecentos reais por mês, sem falar que na cadeia ele terá casa e comida
pagas com o dinheiro do contribuinte? Conseguiram demonstrar na prática que o
crime compensa. Dá para explicar?
Existe um
incontável numero de outros “benefícios sociais” que se multiplicam numa
velocidade semelhante à reprodução dos ratos, e que só tem servido para
incentivar o crescimento populacional, cultuar a preguiça e contribuir para a
falta de mão de obra em vários setores da atividade econômica. Essa
proliferação desenfreada tem como objetivo primeiro e último a manutenção de um
curral eleitoral cada vez mais dependente do governo, portanto, a seu serviço,
pois em nada faz crescer a dignidade humana, conseguida somente por aqueles que
viabilizam o seu sustento com o suor do próprio rosto.
Em vez de
esmolas, ofereçam emprego para que tenhamos um país mais próspero e um povo de
respeito. Os que trabalham e produzem
riquezas para o progresso do país, exigem o fim dessa farra desenfreada com o
dinheiro público , porque não suportam mais
a alta carga tributária cada dia alimentada de forma
insana e irresponsável com o exercício do tome
bolsa e haja saco!
Dauro Braga
04/05/2012
daurobraga@hotmail.com
Bom artigo e verdadeiro. Parabéns!
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