DEMOCRACIA
Tal qual um Tsunami que com suas ondas
avassaladoras leva de roldão tudo o que encontra pelo caminho destruindo a
estrutura organizacional de uma cidade, também a corrupção consegue causar
danos irreparáveis ao tecido sadio da Nação e com suas células infectadas pelo
vírus contagiante do impatriotismo ataca todos os organismos vivos da Pátria
num processo de metástase irreversível.
A imprensa falada, televisada e escrita tem
prestado um grande serviço a Nação, mostrando através de seus noticiários o
rosário de denuncias de corrupção que cotidianamente chega ao conhecimento do
povo. Se não fora o trabalho investigativo de alguns órgãos da imprensa que não
se curvam ao julgo do Poder, o povo não
tomaria conhecimento dos descalabros praticados por quase todos os órgãos públicos
pertencentes aos três poderes da República, porque as coisas são planejadas e
executadas com a maestria de uma máfia siciliana. Nunca a “Oração aos Moços” escrita pelo iluminado Ruy Barbosa há mais de
meio século atrás, foi tão atual. A
impunidade tem sido o maior estímulo aos corruptos.
O Brasil fica com uma dívida impagável com a imprensa
brasileira pelos relevantes serviços prestados a Nação, quando traz a lume as
maracutaias praticadas por serventuários públicos dos mais elevados escalões da
república que, amparados pelo manto da impunidade, metem criminosamente a mão
nos recursos públicos, surrupiando valores astronômicos que muito poderiam
servir para amenizar as carências do setor de saúde, educação e outros tantos
que vivem de pires na mão a mendigar migalhas do executivo para desempenhar
suas atividades fins.
Algumas pessoas menos esclarecidas imaginam que
corrupto é somente aquele que açambarca dinheiro público pertencente ao povo.
Esse é o larápio, o ladrão de colarinho branco. Entendo que corrupto é todo
aquele agente público que não só mete a mão nos cofres públicos, mas que também
se omite a cumprir com as funções do cargo para o qual recebe salário pago com
dinheiro tirado a fórceps do contribuinte, ou que toma decisões contrárias ao
que prescreve as Leis vigentes para atender interesses espúrios ou pressões de
qualquer natureza, mesmo sabendo que essa atitude fere princípios
constitucionais. Ë uma vergonha!
Essa mesma gente que comete equívocos
propositais é a mesma que se reporta ao período de exceção como sendo aquele em
que os Direitos não eram respeitados. Vivi e vivenciei todo o período da
ditadura, e confesso que, jamais tomei conhecimento de fatos que comprovassem
tal procedimento, exceção feita àqueles que insistiam em peitar o regime implantado.
Os que se sujeitavam a cumprir as regras estabelecidas pelo sistema dominante,
trabalhando honestamente e sem praticar badernas, jamais foram perturbados.
Diferentemente dos tempos atuais onde impera a Lei da Ditadura Civil, onde se
bisbilhota a vida dos outros; onde se prende sem ser julgado; onde não se pode
andar com dinheiro no bolso porque
corre-se o risco de ser assaltado ou preso para informar a procedência do
mesmo; onde se atropela o Direito
adquirido com o discurso de que é legal, mas é imoral.Se houve truculência no
passado, o mesmo acontece no presente. Apenas os métodos adotados são
diferentes. Se a Lei é imoral que se revogue a mesma. Desrespeitá-la é
criminoso, principalmente por quem tem a obrigação de conhecê-la. E há alguns
que até juraram cumpri-la, com as mãos postadas sobre a Bíblia. Esses, além de criminosos,
são pecadores que não têm moral para pleitear o perdão Divino. Dizia Sêneca “Somos todos escravos da Lei para que possamos ser livres”.
A Democracia é a mais perfeita forma de
governo, porque todo o poder emana do povo para o próprio povo, mas é preciso
que tenhamos consciência de que para exercê-la em sua plenitude, temos que cumprir
fielmente a Lei, sendo esse o nosso
primeiro Dever, para que possamos exigir os nossos Direitos. A resultante desse
equilíbrio de forças abstratas, Dever/Direito, chama-se. Democracia!
( Dauro Braga)......
(5/12/2011)
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